terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Entrevista com Amilton Mascarenhas


A folha – Você se considera um preservacionista cultural, já que escreve sobre as memórias remotas desta terra?
Amilton  - Me considero um bairrista, sou um apaixonado por nossa terra, por nossa gente. Eu odeio pessoas que destroem o nosso patrimônio. Veja, você sabia que Tauápe tinha uma usina hidrelétrica? Pois é, pois o prefeito anterior a desmontou e deu os equipamentos a particulares. Isso é grave, é sério. Pense na estrada que levava até o cachoeirão, pois ela foi destruída e hoje não há mais possibilidade de se ir de carro para visitar aquele patrimônio natural. Sem falar no abandono que a lagoa está submetida. Outros patrimônios históricos da cidade foram simplesmente derrubados e destruídos, apagando-os de vez da história de Licínio, como é o caso da antiga cadeia e da sede da justiça de paz. Residências históricas também foram destruídas, como é o caso da própria casa de meu pai, da residência de Dr.Papiro, que era um engenheiro de estradas e rodagens. A residência de Dona Maria “da Residência”, viúva de um funcionário do departamento de estradas e rodagens. As sete casas da rede, residências dos feitores e garimpeiros, sem falar no crime que foi cometido na gestão anterior, quando mandaram cortar o “feixe de varas” do cemitério do mesmo nome, num total desrespeito à memória e a cultura de nossos ancestrais. Isso é o que me lembro, mas muito mais de destruição do patrimônio se fez.
A folha – O que você acha necessário ser feito para que freemos estes disparates e consigamos preservar  o que resta de nossas riquezas patrimoniais  históricas?
Amilton – É necessário não ter medo. É fazer como diz o ditado: “água mole em pedra dura tanto bate até que fura.” Denunciar os desmandos das autoridades também é uma necessidade, senão nossas futuras gerações não terão idéia de como era a nossa cidade no passado e, portanto desconhecerão sobre sua própria história.
A folha – você se considera um herdeiro político de seu pai que como todos sabem foi uma importante figura política de Licínio? (Mascarenhas foi prefeito)
Amilton – Herdeiro não, já que nós sempre estivemos em lados ideológicos diferentes. Mas não há como negar a importância dele no desenvolvimento inicial de Licinio. Ele esteve ligado à construção da estrada de ferro, à organização política do município, dentre outras coisas. Entretanto é importante saber que ele sempre foi governista e por governista entenda-se que estava ligado as velhas oligarquias de poder aqui da Bahia. Eu sempre fui ligado ao campo das esquerdas. Em 1964, quando houve o golpe militar eu era presidente do grêmio estudantil do ginásio de Urandi e só não fui preso porque eu sendo o filho do prefeito ligado ao governo fui poupado, mas tive que ir embora.
A folha – Você se define um homem religioso?
Amilton – Respeito todas as religiões, menos as que exploraram a boa fé dos simples e retiram até dinheiro deles. Toda religião leva a Deus, depende do coração de cada um. Eu por exemplo me defino como um católico a “minha maneira”.
A folha – muito agradecido por esta conversa e desejamos muito sucesso no lançamento do jornal   “ O BAIANEIRO”.

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