Entrevista com a Secretária de Educação

A entrevista com a secretaria foi precedida de uma conversa muito agradável, pois se tratou do encontro entre antigo aluno (eu) e minha professora de catecismo, depois professora de didáticas no ensino normal e orientadora de estágio no ano de minha formatura. Atual secretária de educação do município de Licínio de Almeida, a professora Adaltiva Guimarães  protagoniza um momento de  reconhecimento do valor da educação de qualidade no município .

A conversa foi ótima, entrevista também, então vamos a ela:

A Folha – Diz Foucault “ Existem momentos da vida onde a questão de saber se podemos pensar diferentemente do que pensamos, e perceber diferentemente do que vemos, é indispensável para continuar olhando e refletindo” Pensando nas palavras de Foucalt, a folha pergunta o que há de diferente para olharmos e refletirmos na educação de Licínio?

Adaltiva –A educação atualmente “tem outra cara, não é a minha cara,mas de uma equipe, resultado de um trabalho coletivo,da participação de todos os envolvidos no processo educativo; somados a parceria com o Instituto Ayrton Senna, o Portal da educação que centraliza e digitaliza as informações de  todas as escolas ,onde pais e professores podem ter acesso a vida escolar do aluno através da internet.

Para o prefeito Dr. Alan a Educação seria uma das prioridades da sua gestão e isto se concretiza através do seu apoio a secretaria de Educação para desenvolvimento de suas ações.Hoje temos coordenadores pedagógicos em todas as escolas do município, temos vários programas acompanhado pela secretaria, formação dos professores em parceria com o Plataforma freire, um projeto do governo federal, melhoramos a estrutura física  das escolas da zona rural e da sede.

A folha – A educação de Licínio apresenta índices interessantes no IDEB. E já sabemos que isso é verdade, o que pode ser facilmente comprovado consultando os resultados de Licínio, que se destacaram no estado da Bahia, mas ainda assim, por que você acha que as famílias, inclusive muitos professores mandam seus filhos cada vez mais cedo para outras cidades? É a velha máxima de que santo de casa não faz milagre?

Adaltiva – Ainda temos uma naturalização deste equívoco de que somente o que é de fora é que é bom. Eu louvo a iniciativa das pessoas quererem o melhor para os seus filhos e um bom estudo é fundamental, mas o que me preocupa é exatamente a idade que eles saem para os grandes centros, ou seja, pode faltar a maturidade necessária;Licínio hoje tem uma educação muito boa, avançamos muito, mas vamos fazer muito mais para conscientizar a sociedade de que estamos no caminho certo.

 A Folha – Concordo e cito o meu próprio caso como exemplo. Eu saí de Licínio, passei num vestibular para uma universidade federal, cursei o meu curso nesta universidade, fiz pós- graduação nela, mas eu só saí de Licínio depois de acabar o ensino médio (antigo normal), já estava com mais 18 anos. Maturidade é fundamental para enfrentarmos as diversidades que encontramos numa grande cidade.

A folha – Quais são os gargalos da educação de Licínio e como contorná-los?

Adaltiva – Temos muitos problemas, mas o maior deles é a conscientização de que há a necessidade de uma participação cada vez maior da família na escola e um melhor acompanhamento dos pais na vida escolar dos seus filhos, parceria necessária e de grande importância. Acredito que é o que precisamos  para o sucesso da educação. As escolas têm desenvolvido projetos para incentivar esta parceria.

A folha - Quais são as iniciativas, na sua gestão, para a inclusão? E por inclusão nos referimos a alocação dos alunos com  necessidades especiais  e também aos estudos de cultura e história africanas e indígenas (definidas por Lei) e as questões das minorias, tais como os temas transversais  sobre gênero e sexualidade na grade curricular.

Adaltiva – A questão da inclusão é uma questão complexa.Trabalhar inclusão não é só receber o aluno na sala do ensino regular, os professores sabem disso, por isso estamos numa parceria com o MEC para trabalhar a inclusão por meio de salas multifuncionais, com equipamentos e subsídios necessários para apoio aos professores e aos alunos. Ações de inclusão de alunos com necessidades especiais, eu destacaria o compromisso e a responsabilidade nas ações da professora Marizete, Coordenadora Pedagógica do Grupo Escolar Juliêta Cardoso David, escola que foi contemplada com uma sala multifuncional. Na questão do cumprimento do que determina a Lei sobre Estudos históricos e culturais africanos e indígenas estamos dando passos importantes, eu citaria aqui as ações da professora Michele aqui da secretaria que está desenvolvendo ações neste sentido.

A folha – A escola ainda cumpre a tarefa de pesquisar, estudar e mostrar a cultura e a historicidade locais, mas será que ainda não falta uma parceria efetiva para que a história e a cultura da cidade tenham espaços de preservação cultural, tais quais: casa de cultura, museu, centro de artes, etc.?

Adaltiva – Em primeiro lugar é importante dizer que estamos com muitos projetos nessa área.Em janeiro de 2011 desmembramos a Secretaria de Cultura da Secretaria de Educação e isso para mim já sinaliza que teremos muitas  conquistas uma vez que Já há planos do prefeito para criar a casa de cultura e o novo secretário de cultura já prepara vários projetos culturais para a cidade. A Secretaria de educação não tinha condição de se dedicar totalmente a cultura devido a carga de trabalho da educação, mas desenvolveu alguns projetos, agora com  a gestão da cultura separada, podemos fazer uma enorme parceria e desenvolver ações culturais organizada pela Secretaria de Cultura.

A folha – Muito bom conversar com você e torcemos para que nesses dois anos de governo que ainda faltam, a educação se destaque cada vez mais.